Chorar no lugar dos outros não é tarefa fácil.
Carpideira é o nome dado a mulher que exerce uma das mais antiga profissões e o que nos deixa inda mais curiosos é saber que elas ainda existem. Ou melhor que ainda subsiste em alguns lugares do mundo, são mulheres que são pagas para chorar em velórios e enterros. E dizem ser uma profissão tão antiga quanto os enterros humanos.
No Egito, antes de Cristo, elas já existiam, e quanto mais carpideiras havia em um enterro mais o morto era considerado importante. No nordeste do Brasil foi onde as carpideiras mais se popularizaram em nosso país, e lá deu-se o costume de misturar esta profissão com a atividade de rezadeira, existindo ainda hoje em algumas pequenas cidades ainda presas a tradições centenárias.
As Carpideira são mulheres que com muita facilidade em chorar e de comover até as pedras, estas eram contratadas principalmente para estar em velórios de pessoas que em vida não deixou muitas boas lembranças mas que o morto teve uma determinada importância para sociedade.
As carpideiras eram mulheres contratadas para chorar em velórios e enterros mediante pagamento, no Brasil essa profissão não se perdurou com o passar do tempo. O número de carpideiras contratadas para estar em um velório demonstrava o grau de importância do morto.
Itha Rocha – Carpideira
A função de carpideira se baseia na crença de que o choro sobre o corpo de alguém que morreu ajuda na passagem da alma do falecido para onde quer que ele vá; e quanto mais gente chorando sobre o corpo do falecido, melhor – pelo menos é assim que justifica Itha Rocha, a carpideira que ficou conhecida por meio de programas de televisão.
Itha Rocha aprendeu sua profissão quando pequena por meio de sua mãe que também era carpideira, e a levava com dois anos apenas para velórios e enterros. E para aqueles que acham sua profissão aterrorizante, Itha Rocha nos diz que acha velórios bastante confortável e prazeroso, pois gosta do momento de união familiar e da explosão de sentimentos proporcionado por tal evento.
Em geral as carpideiras são mulheres que trabalham na roça, se dedicam também a benzer doentes enquanto não são convidados a chorar nos velórios e enterros; e quando são chamadas ficavam lá com seu véu escuro a cobrindo a cabeça e vestes negras chorando abundantemente ao lado do caixão do morto, simulando desmaios e citando orações fúnebres para que a alma do morto possa ser bem recebida no além.
As carpideira pelo Mundo
O países onde mais se encontra relatos de carpideiras é Taiwan, China e Gana.
Mas são poucas as mulheres que choram para ganhar a vida nestes países, embora cada sessão de choro renda cerca de R$1.200,00.
Os tradicionais funerais taiwaneses são elaborados e combinam um luto sombrio com outro de tom mais alegre. Além de chorar, as carpideiras se vestem com roupas coloridas e fazem alguns passes de danças quase acrobáticos acompanhados de sons de instrumentos de corda tradicionais.
A tailandesa Liu Jun-Lin explica como deve ser e se alguém quiser tentar. É bom se ater as dicas a seguir
Os grunhidos devem ser prolongados e abafados, uma mescla de choro e canto. Em cada funeral eu sinto que a família é minha família, e coloco meus próprios sentimentos ali. Para brotar as lágrimas em seu rosto, ela insiste em dizer que é um choro real.
Alguns ganenses estão super dispostos a pagar estas profissionais para chorar em seu nome. Ami Dokli é a líder de um dos vários grupos de carpideiras profissionais de Gana.
Curiosamente, alguns dessas profissionais do luto cobram pela forma de choro que o cliente quer contratar. Entre os estilos podemos encontrar: choro soberbo (com lencinho nos olhos), choro de esquilo (tímido), lamentação, choro básico, choro emotivo, berreiro choroso, berreiro rolando no chão, choro com desmaio, choro com vômito… O mais aguardado da cerimonia é o “choro largado” é parte imprescindível dos funerais, já que é um indicativo da posição social da pessoa falecida, ou de como ela era amada por sua família e comunidade
O luto profissional é apenas uma pequena parte da extravagância associada aos funerais ganenses. As pessoas deste país africano gastam se não mais, ou semelhante a uma cerimonia de casamento. Um funeral com uma cerimônia media chega a custar o equivalente a 60 e 80 mil reais e inclui o maior número possível de carpideiras.
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