Uma procissão do além
Uma senhorinha vivia sozinha numa dessas cidadezinhas do interior do Brasil, onde qualquer coisa que acontece todo mundo fica sabendo. Esta senhora e passava boa parte do tempo olhando o movimento da rua pela janela, bem ao costume interiorano. Numa noite lá estava ela de novo na janela, no entanto, ela viu uma procissão passando. Segundo a lenda, tinha um monte de pessoas caminhando com roupas brancas e velas nas mãos.
A velhinha ficou encabulada com aquilo porque, como sabia, não era época de procissão. Ela estava justamente pensando sobre isso quando uma das pessoas que estavam na procissão parou e lhe entregou uma vela, pediu que a guardasse porque voltaria a no outro dia, para buscar. Sem desconfiar de nada, a senhora fez o que lhe pediram, guardou a vela em uma gaveta e e foi dormir. No outro dia, ao acordar, teve curiosidade de olhar a vela que pediram para guardar, para sua surpresa viu que no lugar da vela estava apenas o osso de uma pessoa adulta.
Mas, e nos dias de hoje
Historiadores contam um pouco dessas lendas que são relembradas em alguns lugares do Brasil
No núcleo histórico de Mariana, a quatro décadas, acontece na Sexta-Feira Santa, à meia noite, a procissão das almas. Esta é uma mobilização popular de resgate à uma iniciativa secular. As primeiras edições dessa procissão ocorreram ainda no período do Brasil colônia e sua origem é incerta. Acredita-se que foi criada pelos marianenses, como forma de satirizar a poderosa e rica Igreja Católica, com um cortejo organizado aos moldes das procissões católicas, mas com ares pagãos, visto que o Catolicismo não acredita em vida após a morte. Essa tradição se perdeu por muitos anos, e foi resgatada na década de 70 por um grupo de moradores da cidade histórica.
A procissão percorre as ruas do centro histórico de Mariana, pela madrugada. Os participantes vestem túnicas brancas com capuzes, levam velas acesas, alguns levam caveiras nas mãos, e entoam urros fantasmagóricos e cantos fúnebres durante o percurso. Até a própria morte participa! Caracterizada com tudo o que tem direito… foice comprida na mão, face escondida pelo capuz longo e preto, tudo como manda o figurino. Matracas e correntes de ferro arrastadas pelo calçamento de pé de moleque, dão um toque fúnebre adicional ao cenário.
Em se tratando de Minas Gerais, como não podia deixar de ser, sempre há um “causo” ou uma lenda associada a uma tradição, seja ela nova ou antiga.
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