Foram registrados no ano passado cerca de 2,6 milhões de recém-nascidos sem vida em todo o mundo, o que representa cerca de 7.200 natimortos por dia.
Ainda que ouve uma queda de 2% ao ano entre 2000 e 2015, segundo estudos publicados nesta terça-feira 19/01.
“Entre os 2,6 milhões de natimortos (ao longo do último trimestre de gestação ou após 28 semanas de gravidez), a metade ocorre durante o parto”, ressaltou a revista médica britânica The Lancet, que apresenta as conclusões de cinco estudos conduzidos por mais de 200 especialistas em 43 países.
“A ideia que uma criança, viva no início do trabalho, morra ao longo das horas seguintes por razões completamente evitáveis deveria ser considerada como um escândalo em matéria de saúde”, estima Richard Horton, editor-chefe da The Lancet.
Apesar dos progressos realizados, a queda registrada entre 2000 e 2015 foi mais lenta do que a da taxa de mortalidade materna (3% ao ano) ou de crianças menores de cinco anos (4,5%), notam o professor Joy Lawn e seus colegas da Escola de Medicina Tropical e de Higiene de Londres.
Com base em dados recolhidos em 18 países, as anomalias congênitas explicam apenas 7,4% dos natimortos.
Os pesquisadores observam que muitas patologias envolvidas nas mortes de bebês durante o nascimento poderiam ser tratadas, como infecções maternas (como a malária e a sífilis, responsáveis por 8% e 7,7% dos natimortos, respectivamente).
Fatores relacionados ao estilo de vida ou dieta (obesidade, tabagismo), doenças não infecciosas como diabetes, cânceres ou problemas cardiovasculares são responsáveis por essas mortes em cerca de 10% dos casos cada. A idade das mães com mais de 35 anos intervém em 6,7 % dos casos.
A pré-eclâmpsia e a eclâmpsia (pressão sanguínea anormalmente alta durante a gravidez) contribuem para 4,7% dos natimortos e a gravidez prolongada (após a data do termo) para 14% dos casos.
A esmagadora maioria (98%) dos natimortos são também identificadas nos países de baixa e média renda.
“Os países da África sub-saariana têm a taxa mais elevada e são os que registram a diminuição mais lenta”, comenta o professor Joy Lawn.
Nos países ricos, uma mulher que vive em condições sócio-econômicas precárias tem duas vezes mais riscos de dar à luz um natimorto do que uma mulher com situação financeira confortável.
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